segunda-feira, 20 de maio de 2013


O debate que o não foi

Na sessão plenária da passada semana, na sequência de uma proposta da Representação Parlamentar do PCP, discutiu-se na Casa Mãe da Autonomia, com caráter de urgência, os Transportes Aéreos.

Sendo o propósito nobre e o tema atual, a verdade é que o debate o não foi porque se cingiu exclusivamente à abordagem, nem sempre com o rigor exigido, das últimas greves da SATA, tema ao qual, aliás, não seria possível escapar.

Acontece, porém, que sendo o atual modelo de ligações aéreas, quer no tráfego interno quer no tráfego territorial, agravado este último pelo regime de monopólio SATA/TAP, mesmo que com muitos remendos, incapaz de responder satisfatoriamente às nossas necessidades - como consta de documento escrito que, em 2003, foi remetido ao então Presidente do Governo Regional – era de esperar que o debate, não fugindo às greves da SATA, fosse capaz de ir além disso. Infelizmente não foi e, devo confessar que também aqui, assumo a minha cota de responsabilidade.

Não é contudo de estranhar que assim tenha sido. Se juntarmos os períodos em que ocorreram as ditas greves com os, por uns e outros, mal explicados motivos, impercetíveis para a generalidade dos cidadãos e, ainda, as permanentemente mal explicadas negociações, percebe-se o rumo do debate e, porque absolutamente inconclusivo, conclui-se da sua absoluta inutilidade.

Se, por um lado, é verdade que não existem trabalhadores se não existirem empresas e que todos os trabalhadores, independentemente do setor em que atuam, são iguais em direitos e deveres, embora alguns, ao que parece, ainda não o tenham percebido; por outro lado, também é verdade que os Conselhos de Administração não deixam de ser constituídos por trabalhadores dessas mesmas empresas, com a particular obrigação de tudo deverem fazer para as manter ativas e economicamente saudáveis.

Não podem, portanto, os Conselhos de Administração, em momentos de profunda crise negocial e em plena greve, alijar as suas responsabilidades e remeter para negociações diretores que, internamente, muito provavelmente, nem poderes têm para assinar uma requisição para compra de papel higiénico.

É, contudo, obrigação de um Conselho de Administração saber, em todos os momentos e particularmente nos momentos difíceis, assumir na plenitude as suas responsabilidades. Infelizmente tal não aconteceu o que me leva a pensar que, quem de direito, deveria daí tirar as necessárias e inevitáveis ilações e atuar em conformidade. (Publicado no Jornal do Pico a 17 de maio de 2013)


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