O
debate que o não foi
Na
sessão plenária da passada semana, na sequência de uma proposta da
Representação Parlamentar do PCP, discutiu-se na Casa Mãe da
Autonomia, com caráter de urgência, os Transportes Aéreos.
Sendo
o propósito nobre e o tema atual, a verdade é que o debate o não
foi porque se cingiu exclusivamente à abordagem, nem sempre com o
rigor exigido, das últimas greves da SATA, tema ao qual, aliás, não
seria possível escapar.
Acontece,
porém, que sendo o atual modelo de ligações aéreas, quer no
tráfego interno quer no tráfego territorial, agravado este último
pelo regime de monopólio SATA/TAP, mesmo que com muitos remendos,
incapaz de responder satisfatoriamente às nossas necessidades - como
consta de documento escrito que, em 2003, foi remetido ao então
Presidente do Governo Regional – era de esperar que o debate, não
fugindo às greves da SATA, fosse capaz de ir além disso.
Infelizmente não foi e, devo confessar que também aqui, assumo a
minha cota de responsabilidade.
Não
é contudo de estranhar que assim tenha sido. Se juntarmos os
períodos em que ocorreram as ditas greves com os, por uns e outros,
mal explicados motivos, impercetíveis para a generalidade dos
cidadãos e, ainda, as permanentemente mal explicadas negociações,
percebe-se o rumo do debate e, porque absolutamente inconclusivo,
conclui-se da sua absoluta inutilidade.
Se,
por um lado, é verdade que não existem trabalhadores se não
existirem empresas e que todos os trabalhadores, independentemente do
setor em que atuam, são iguais em direitos e deveres, embora alguns,
ao que parece, ainda não o tenham percebido; por outro lado, também
é verdade que os Conselhos de Administração não deixam de ser
constituídos por trabalhadores dessas mesmas empresas, com a
particular obrigação de tudo deverem fazer para as manter ativas e
economicamente saudáveis.
Não
podem, portanto, os Conselhos de Administração, em momentos de
profunda crise negocial e em plena greve, alijar as suas
responsabilidades e remeter para negociações diretores que,
internamente, muito provavelmente, nem poderes têm para assinar uma
requisição para compra de papel higiénico.
É,
contudo, obrigação de um Conselho de Administração saber, em
todos os momentos e particularmente nos momentos difíceis, assumir
na plenitude as suas responsabilidades. Infelizmente tal não
aconteceu o que me leva a pensar que, quem de direito, deveria daí
tirar as necessárias e inevitáveis ilações e atuar em
conformidade. (Publicado
no Jornal do Pico a 17 de maio de 2013)
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