O
Novo Modelo de Transporte Aéreo
Começo
por esclarecer uma questão prévia; a mim não só não me incomoda
que a TAP tenha abandonado as Ilhas de Santa Maria, Faial e Pico como
até me causa alguma satisfação passar a ser a nossa operadora, a
SATA, a fazer esse serviço isto porque é a SATA que é nossa e é
com ela que nos devemos preocupar.
São
praticamente unanimes as considerações sobre as vantagens do Novo
Modelo. Confesso que não sou tão otimista e tenho algumas reservas
que, reconheço, só o tempo esclarecerá.
Há,
contudo, certezas que são conquistas indiscutíveis como sejam a
baixa de preços, os preços máximos para residentes, a liberdade da
escolha da gateway
– conceito de aeroporto único – e a forte concorrência que
passará a existir entre as diferentes gateways,
preparadas para tal.
É
evidente que, por falta do voos e de horários decentes, dificilmente
viajaremos pela gateway
do Pico. Contudo, deixamos de ser obrigados a utilizar a gateway mais
próxima, passando a escolher a que nos for mais útil, o que é
indiscutivelmente uma vantagem, mas não chega. Com a programação
já conhecida para o Pico a nossa gateway
nem consegue reunir as condições mínimas para, no conceito de
aeroporto único, concorrer com as restantes.
Sempre
reivindiquei e continuo a reivindicar para as Ligações do Tráfego
Territorial ao Pico um número mínimo de ligações que tornem a sua
gateway
atrativa, porque só assim poderá ter procura e crescimento. O
mínimo aceitável seriam, na época baixa, dois voos e na época
alta três, com reforços no Natal e na Páscoa, em horário que
permita na vinda receber em Lisboa passageiros provenientes do norte
da Europa e, no retorno, permitir que passageiros oriundos do Pico
tenham em Lisboa ligação seguida para o norte da Europa, sempre sem
passagem pela Ilha Terceira.
É
certo, tal como afirmava o Deputada Manuel Serpa em 1994; “
O poder constituído, normalmente não gosta que se aflorem problemas
de índole ilhoa, atirando aos interventores com o ferrete do
divisionismo e do bairrismo, tentando, a todo o custo, minimizar as
situações, desencorajar as iniciativas, calar os protestos,
normalizar, tranquilamente, o que é anormal.”.
Não é disso que se trata; não me incomoda o que outras ilhas tem
mas antes o que a minha não tem.
Culpa
minha ter sido eleito pelo círculo eleitoral do Pico. Citando
novamente Manuel Serpa, “
Nunca foi tão explícito o arrancado à “Narcose” de Almeida
Firmino: “ Ilha Maior no sonho e na desgraça””.