sexta-feira, 27 de março de 2015

O Novo Modelo de Transporte Aéreo - Publicado no Jornal di Pico a 27 de Março de 2015


O Novo Modelo de Transporte Aéreo

Começo por esclarecer uma questão prévia; a mim não só não me incomoda que a TAP tenha abandonado as Ilhas de Santa Maria, Faial e Pico como até me causa alguma satisfação passar a ser a nossa operadora, a SATA, a fazer esse serviço isto porque é a SATA que é nossa e é com ela que nos devemos preocupar.

São praticamente unanimes as considerações sobre as vantagens do Novo Modelo. Confesso que não sou tão otimista e tenho algumas reservas que, reconheço, só o tempo esclarecerá.

Há, contudo, certezas que são conquistas indiscutíveis como sejam a baixa de preços, os preços máximos para residentes, a liberdade da escolha da gateway – conceito de aeroporto único – e a forte concorrência que passará a existir entre as diferentes gateways, preparadas para tal.

É evidente que, por falta do voos e de horários decentes, dificilmente viajaremos pela gateway do Pico. Contudo, deixamos de ser obrigados a utilizar a gateway mais próxima, passando a escolher a que nos for mais útil, o que é indiscutivelmente uma vantagem, mas não chega. Com a programação já conhecida para o Pico a nossa gateway nem consegue reunir as condições mínimas para, no conceito de aeroporto único, concorrer com as restantes.

Sempre reivindiquei e continuo a reivindicar para as Ligações do Tráfego Territorial ao Pico um número mínimo de ligações que tornem a sua gateway atrativa, porque só assim poderá ter procura e crescimento. O mínimo aceitável seriam, na época baixa, dois voos e na época alta três, com reforços no Natal e na Páscoa, em horário que permita na vinda receber em Lisboa passageiros provenientes do norte da Europa e, no retorno, permitir que passageiros oriundos do Pico tenham em Lisboa ligação seguida para o norte da Europa, sempre sem passagem pela Ilha Terceira.

É certo, tal como afirmava o Deputada Manuel Serpa em 1994; “ O poder constituído, normalmente não gosta que se aflorem problemas de índole ilhoa, atirando aos interventores com o ferrete do divisionismo e do bairrismo, tentando, a todo o custo, minimizar as situações, desencorajar as iniciativas, calar os protestos, normalizar, tranquilamente, o que é anormal.”. Não é disso que se trata; não me incomoda o que outras ilhas tem mas antes o que a minha não tem.

Culpa minha ter sido eleito pelo círculo eleitoral do Pico. Citando novamente Manuel Serpa, “ Nunca foi tão explícito o arrancado à “Narcose” de Almeida Firmino: “ Ilha Maior no sonho e na desgraça””.