sexta-feira, 16 de agosto de 2013


SITUAÇÃO DA LACTOPICO/TRANSFORMAÇÃO DO LEITE NO FAIAL

É de todos conhecida a situação atual da LACTOPICO. Contudo, nunca é demais lembrar que esta cooperativa deve três milhões de euros à banca, deve um milhão de euros aos produtores de leite – donos da cooperativa – tem também dívidas a fornecedores e tem custos de funcionamento, fixos mensais, de cerca de sessenta e cinco mil euros.

Lembro, mais uma vez, que os apoios governamentais entre 2007 e 2012 ascenderam a 4.020.969,00€. Lembro também que ao longo de todos esses anos foram os cooperantes – produtores de leite e donos da cooperativa – quem, legitimamente, elegeu os corpos sociais que levaram a cabo a sua gestão e pela qual são responsáveis.

Não é por acaso que não afirmei - únicos responsáveis. Estou convicto que os anteriores Governos Regionais ao não acompanharem o destino das verbas que para a Lactopico, e outras cooperativas, foram transferidas, são também, no mínimo por omissão, corresponsáveis pela situação atual.

Bem sei que a proposta de enviar o leite para o Faial foi feita pela Direção da Lactopico e que foi complementada com a proposta de um novo paradigma para a transformação futura do leite no Pico. Não querendo, por falta de conhecimentos técnicos, pronunciar-me sobre a proposta da Direção da Lactopico, direi que a solução encontrada, do ponto de vista económico/financeiro – recuperação e reconversão da fábrica atual – se devidamente enquadrada, redução dos custos fixos para menos de metade e produção de queijo de maior valor acrescentado, é, indiscutivelmente, a melhor solução.

 Assim sendo, ater-me-ei ao envio do leite para o Faial, tendo obviamente presente que o Governo Regional se comprometeu a apoiar o transporte e a garantir a manutenção dos postos de trabalho.

Transportar 7 Milhões de litros de leite por ano para o Faial custa cerca de 320 mil euros – 131 mil euros de transporte terrestre no Pico e no Faial, 98 mil euros de transporte marítimo, 90 mil euros de amortização anual das cisternas criogénicas – sem considerar a operação portuária.

Acresce que a manutenção da garantia dos postos de trabalho, garantia que não é legalmente possível assegurar porque, findo os cursos de formação em que eventualmente venham a ser integrados, não há forma legal de manter qualquer tipo de apoio a não ser o subsídio de desemprego. Partindo contudo do pressuposto de que tal seria possível, o custo anual será da ordem dos 280 mil euros/ano.

Em síntese, a laboração do leite da Lactopico no Faial teria um custo anual total de cerca de 320 mil euros mais 280 mil euros de trabalhadores inativos. Ninguém de boa-fé acredita que esta possa ser uma solução provisória e quando deixar de o ser, deixarão também de existir apoios ao transporte e esse será o primeiro passo para o fim da produção de leite no Pico.

Assim sendo, devo deixar claro que sou absolutamente contra a solução proposta, sendo meu entendimento que com metade deste montante, devidamente protocolado e acompanhado, é possível manter a laboração no Pico – a comissão técnica garantiu ser possível laborar o leite no Pico duranta a fase de transformação da fábrica existente – e manter os trabalhadores no ativo durante o tempo necessária à implementação da nova solução.