terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Porque muito se tem falado na fusão Transmaçor/Atlânticoline aqui fica o Artigo por mim Pulicado no Jornal do Pico em janeiro do corrente ano.


A propósito do Programa do XI Governo Regional dos Açores

No Programa do XI Governo Regional dos Açores, aprovado na Assembleia Regional no plenário de Novembro passado, pode ler-se no capítulo IV.8.2 – Transportes marítimos, a seguinte afirmação: “ Fusão das duas empresas regionais de transporte marítimo de passageiros.” Afirmação com a qual confesso estar de acordo.

Vejamos contudo o enquadramento histórico das duas empresas – Atlânticoline e Transmaçor:

A Transmaçor surgiu por iniciativa de um Governo Regional liderado pelo PSD o qual, juntando a Empresa de Lanchas do Pico, a Empresa Açoreana de Transportes Marítimos, a Transcanal e o próprio Governo Regional, constituiu a nova empresa e mandou construir os navios Cruzeiro do Canal e Cruzeiro das Ilhas.

Dos inestimáveis serviços prestados às populações do Triângulo e do Grupo Central pela Transmaçor e pelas empresas que lhe deram origem, tal é a sua relevância e reconhecimento público, que nada mais há a acrescentar, exceto que movimenta cerca de 400 mil passageiros ano.

A Atlânticoline foi constituída por iniciativa de um Governo Regional do PS com capitais exclusivamente públicos e tendo por finalidade gerir, e bem, o trafego de viaturas e passageiros inter-ilhas e ainda mandar construir novos navios. Quanto à construção dos novos navios é melhor nem falar e quanto ao movimento de passageiros deverá ser de cerca de 50 mil ano. 

Em legislatura que já lá vai e aquando da constituição da Atlânticoline, porque era percetível o rumo que a Transmaçor levava, não restavam dúvidas de que a mesma, mais cedo do que tarde, viria também inevitavelmente parar à esfera pública. Como já nessa altura se percebia, e se conversou, futuramente as duas empresas, que têm o mesmo objeto, teriam de ser agregadas numa única e, por isso, a sede da Atlânticoline ficou na Horta de onde foi posteriormente retirada.

Acontece que é a Transmaçor quem tem movimento real e permanente de passageiros, enquanto a Atlânticoline tem, embora importante, um movimento residual e sazonal, limitado à gestão de dois contratos anuais, pelo que seria um erro histórico imperdoável que a nova empresa, resultante da fusão destas duas, não ficasse sediada na Horta.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Ir por onde se pode e deve e não por onde se quer - Publicado no Jornal do Pico a 6 de dezembro de 2013


Ir por onde se pode e deve e não por onde se quer

 A sessão plenária da semana passada da Assembleia Legislativa Regional foi dedicada ao debate e votação dos Plano e Orçamento Regional Anual para 2014. Apesar de um debate muito morno, os documentos foram aprovados por larga maioria.

 

Não sendo um plano de investimentos uma mera elencagem de projetos e ações não deixa, contudo, de ser a planificação da execução material do investimento público para o ano em causa. No que ao Pico diz respeito, os documentos analisados sintetizam os compromissos assumidos com os Picoenses, procurando dar resposta às necessidades sentidas e cumprindo compromissos, fundamentais para o nosso desenvolvimento.

 

Não deixou contudo de ser estranho que, sendo as duas grandes inovações do Plano o “HUB” Atlântico e o Plano Integrado de Transportes, dos mesmos pouco ou nada se tenha falado. Falta de convicção ou incerteza relativamente aos resultados finais?

Relevante foi a abordagem, embora ligeira, ao projeto COSTA – CO2 & Ship Transport Emissions Abatement by LNG – que visa desenvolver condições quadro para a utilização de Gás Natural Liquefeito (LNG) como combustível em navios, substituindo o fuel, e que poderá vir a ser importante no tráfego interno e na cabotagem insular, mas é irrelevante para efeito de estabelecimento de um “HUB” Atlântico.

A integração dos portos dos Açores em cadeias logísticas internacionais, se possível, é desejável. Todavia, deve constituir-se como primeira preocupação melhorar o que já temos, dando a algumas infraestruturas o destino para que foram concebidas, racionalizando e melhorando serviços.

Nesse sentido, podíamos e devíamos passar a efetuar o abastecimento de graneis líquidos às ilhas da Graciosa, de S. Jorge, do Pico, do Faial e das Flores/Corvo, a partir do Terminal de Graneis Líquidos da Praia da Vitória, em contentores cisterna, incentivando e incrementando o mercado interno. O atual navio que efetua esse abastecimento, a granel, custa 4M€ por ano. O quadro que se segue exemplifica, para cada porto, o potencial de crescimento.

 
TOTAL 3 ANOS
 
CIATERNA DE
 
ILHAS
2010/2011/2012
MÉDIA ANUAL
20.000
IDA E VOLTA
Terceira
3.200.000
1.066.667
53
107
Pico
62.851.016
20.950.339
1.048
2.095
Faial
89.640.291
29.880.097
1.494
2.988
Graciosa
18.086.149
6.028.716
301
603
S. Jorge
44.197.165
14.732.388
737
1.473
Flores/Corvo
16.301.329
5.433.776
272
543
TOTAL
 
 
3.905
7.809

 

TOTAL 3 ANOS

201072011/1012   -  Total de combustível descarregado em cada porto nos 3 anos referidos;

MÉDIA ANUAL    -    Média do combustível descarregado em cada porto nos 3 anos referidos;

CISTERNA DE

20.000                   -  Contentor cisterna de 20 pés com capacidade para 20.000 litros;
 

IDA E VOLTA      - O contentor cisterna faz sempre dois percursos; na ida cheio e no regresso vazio.

 

Libertando-nos do custo inerente ao fretamento do atual navio, ficamos com capacidade financeira para apoiar a aquisição do equipamento de transporte que tem uma vida útil de cerca de vinte anos, e libertamos fundos para pagar o transporte que será anualmente inferior a metade do custo de fretamento do navio, atualmente, ao serviço.

Por tudo isso sugiro que façamos o possível, tentemos o impossível, esqueçamos os milagres.