2ª.
Fase de Reordenamento do Porto da Horta/Esclarecimento
Na sequência de um meu artigo
de opinião e de declarações por mim prestadas à RTP-A, fui confrontado com um
artigo de opinião de Rui Terra, datado de 19 do mês passado, publicado na
Comunicação Social e no Facebook, que, não pela opinião manifestada, mas por
declarações nele contidas, me deixou verdadeiramente estupefacto. Vejamos;
Fui militar, miliciano no
então Serviço Militar Obrigatório. Aprendi com os militares de então e
reconfirmei com os dedicados e competentes oficiais da Armada, com os quais ao
longo de quase 40 anos contatei e contato, quer no plano profissional quer no
plano pessoal, que uma das funções fundamentais de um militar no ativo é saber
distinguir, com clareza, quando deve ou não intervir e que nunca o deve fazer
no plano político.
Porque a questão da 2ª.
Fase de reordenamento da Porto da Horta, atendendo às entidades públicas de
natureza política, desde há muito envolvidas, extravasou o plano técnico e se
posicionou no plano político, pergunto: tinha o Senhor Capitão do Porto de
Cascais autorização superior para participar em reunião extraordinária da
Assembleia Municipal da Horta?
Será que afirmações como,
“até mesmo, a determinados pilotos a
soldo, que falam em causa própria, fardados nos jardins das suas casas” ou,
“A sua sugestão é qual? Responda como
simples operacional que é e com base na sua experiência, não a dos outros ou
por encomenda.” dignificam quem as produz ou a instituição que representa? Ou,
antes, definem o carater de quem, em total desrespeito pela opinião alheia,
agindo como único detentor do conhecimento e da verdade, as produzi-o?
É claro que quando falo dos Açores, até
porque, contrariamente a outros vivo cá, falo sempre em “causa própria” todavia, com a isenção e independência de espirito
que me carateriza e que é pública e publicada. Afirmações como “atendendo a que não somos de São Miguel, é
algo a que nós, os Faialenses, já estamos habituados”, remetem-nos para um
bairrismo serôdio que já não é deste tempo e, demonstram o desconhecimento da
Região que somos, dos constrangimentos da sua economia e da importância do
Porto de Ponta Delgada em todo o seu funcionamento. Não confundir o ver passar
navios ao largo de Cascais com o estar na ponte a manobra-los.
No que à proposta diz
respeito, é lícito afirmar-se que, não só não reflete a realidade regional, as
suas limitações e necessidades, como também, contém em si mesma, um conjunto de
insanáveis contradições. Vejamos algumas;
Como é possível que a
entrada de 50 mts, entre molhes, projetada constitua “um verdadeiro Choke Point” e um “atropelo bárbaro ao próprio Código ISPS” se a Marina de Cascais, onde
o proponente é Capitão do Porto, com capacidade para mais de 600 embarcações, tem
uma entrada com 50 mts de largura com a agravante de que, parte dela, é em
canal e não entre molhes?
Como é possível que a
entrada de 50 mts, entre molhes, projetada seja insuficiente quando a Marina de
Lagos “referência a nível nacional …”,
tem acesso através de um canal com ponte levadiça e, pasme-se, com apenas 11
mts de largura?
A proposta, para além de
ser, do ponto de vista operacional impraticável a navios de maior dimensão –
distância entre molhes na entrada exígua, cerca de metade da atual, e bacia de
manobra entre o molhe Sul atual e o novo molhe a construir a Este deste, apenas
praticável a fragatas, das do Tejo que não das outras - é megalómana e
inviável. Creio estarmos a falar de mais de 450 Milhões de euros.
É caso para perguntar;
quem apresenta propostas para “agradar a
um restrito número de pessoas”, quem “com
as vistas curtas de quem quer a todo o custo viabilizar movimentos de interesse
próprio”, quem está a “soldo” de
quem? Não serão, seguramente, os Oficiais da Marinha Mercante e Pilotos
Portuários, com milhares de manobras efetuadas no Porto da Horta, em navios,
não em optimists.
Lizuarte Machado
Master/Comandante da
Marinha Mercante/Piloto Portuário