sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Ligações Marítimas no Canal - Publicado no Jornal do Pico a 7 de novembro de 2014


Ligações Marítimas no Canal

 

No Memorando do Conselho de Ilha do Pico de 15 de outubro de 2014, remetido ao Governo Regional antes da última Visita Estatutária deste, no que diz respeito às ligações maritimas no Canal afirmava-se:

 

·        “Desde o dia 1 de Outubro do presente ano, ocorreu uma diminuição do número de ligações marítimas entre as ilhas do Pico e do Faial, relativamente ao ano passado, penalizando os utentes que por diversos motivos têm de se deslocar à Horta;

·         Foi anunciado pelo Sr. Secretário Regional do Turismo e Transportes, que a entrada em vigor dos novos barcos, não implicaria nunca a diminuição das viagens existentes, nem o aumento do preço dos bilhetes, aquando da apresentação do Sistema Regional Integrado de Transportes, na ilha do Pico e aquando da resposta emitida à Assembleia Municipal da Madalena perante esta questão

·         E atendendo ainda ao fato de que, no Inverno, e com as frequentes condições atmosféricas adversas, por vezes a última ligação do dia entre estas duas ilhas é cancelada, implicando que possam ocorrer apenas as 2 ligações da manhã;

·         Este Conselho de Ilha recomenda que seja reposto o horário, com as cinco ligações diárias, tal como aconteceu durante o inverno passado, uma vez que esta alteração veio prejudicar o serviço público, há muitos anos assegurado entre estas duas ilhas.”

 

 

É evidente que quando os compromissos, referenciados pelo Conselho de Ilha, foram assumidos já era sabido que os novos navios iriam ter custos de exploração mais elevados do que os anteriores e portanto a ignorância não pode, neste caso, ser invocada.

 

Creio que nesta questão, como em outras, existem alguns equívocos. A mobilidade mede-se pelo cumprimento cumulativo dos dois princípios seguintes:

 

·        Oferta total – número total de lugares disponibilizados;

·        Frequência.

 

É óbvio que se atendêssemos apenas ao número de lugares disponibilizados, com os novos navios, bastaria fazer a viagem da manhã e a da tarde. Contudo, isso não corresponderia, em sentido lato, a mobilidade. A análise também não pode ser feita apenas pela análise das frequências, porque, se excessivas, também não correspondem, em sentido lato, a mobilidade dado o custo que lhe estará implícito.

 

Assim sendo, da análise cumulativa das duas variáveis resulta não ser possível atingir o equilíbrio com a viagem da manhã, a da tarde e duas viagens a meio do dia. Neste caso, a frequência, sem uma viagem a meio da tarde, independentemente das taxas de ocupação que apenas variaram em termos percentuais e não em termos do total de passageiros transportados, constitui-se como um sério entrave à mobilidade pelo que se pode concluir que este assunto deve merecer melhor análise e que o Conselho de Ilha do Pico tem razão.