Ligações Marítimas no
Canal
No Memorando do Conselho de Ilha do Pico de 15 de outubro de
2014, remetido ao Governo Regional antes da última Visita Estatutária deste, no
que diz respeito às ligações maritimas no Canal afirmava-se:
·
“Desde o dia 1 de Outubro do presente
ano, ocorreu uma diminuição do número de ligações marítimas entre as ilhas do
Pico e do Faial, relativamente ao ano passado, penalizando os utentes que por
diversos motivos têm de se deslocar à Horta;
·
Foi anunciado pelo Sr. Secretário Regional do
Turismo e Transportes, que a entrada em vigor dos novos barcos, não implicaria
nunca a diminuição das viagens existentes, nem o aumento do preço dos bilhetes,
aquando da apresentação do Sistema Regional Integrado de Transportes, na ilha
do Pico e aquando da resposta emitida à Assembleia Municipal da Madalena
perante esta questão
·
E atendendo ainda ao fato de que, no Inverno,
e com as frequentes condições atmosféricas adversas, por vezes a última ligação
do dia entre estas duas ilhas é cancelada, implicando que possam ocorrer apenas
as 2 ligações da manhã;
·
Este Conselho de Ilha recomenda que seja
reposto o horário, com as cinco ligações diárias, tal como aconteceu durante o
inverno passado, uma vez que esta alteração veio prejudicar o serviço público,
há muitos anos assegurado entre estas duas ilhas.”
É
evidente que quando os compromissos, referenciados pelo Conselho de Ilha, foram
assumidos já era sabido que os novos navios iriam ter custos de exploração mais
elevados do que os anteriores e portanto a ignorância não pode, neste caso, ser
invocada.
Creio
que nesta questão, como em outras, existem alguns equívocos. A mobilidade
mede-se pelo cumprimento cumulativo dos dois princípios seguintes:
·
Oferta total –
número total de lugares disponibilizados;
·
Frequência.
É
óbvio que se atendêssemos apenas ao número de lugares disponibilizados, com os
novos navios, bastaria fazer a viagem da manhã e a da tarde. Contudo, isso não
corresponderia, em sentido lato, a mobilidade. A análise também não pode ser feita
apenas pela análise das frequências, porque, se excessivas, também não
correspondem, em sentido lato, a mobilidade dado o custo que lhe estará
implícito.
Assim
sendo, da análise cumulativa das duas variáveis resulta não ser possível
atingir o equilíbrio com a viagem da manhã, a da tarde e duas viagens a meio do
dia. Neste caso, a frequência, sem uma viagem a meio da tarde,
independentemente das taxas de ocupação que apenas variaram em termos
percentuais e não em termos do total de passageiros transportados, constitui-se
como um sério entrave à mobilidade pelo que se pode concluir que este assunto
deve merecer melhor análise e que o Conselho de Ilha do Pico tem razão.