sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

HUB PORTUÁRIO / correndo o risco de me repetir - Publicado no Jornal do Pico a 30 de Janeiro de 2015.

HUB PORTUÁRIO / correndo o risco de me repetir
Na sequência de várias questões que me foram colocadas, sobretudo nas redes socias, aqui fica mais este esclarecimento:
No documento “Reestruturação e especialização da rede portuária nacional” pode ver-se o quadro seguinte:

O referido documento define HUB como: “portos com capacidades naturais e construídas para desempenhar funções comerciais e de distribuição, nomeadamente pela atracão de grandes navios de carga, contentorizada ou não. Podem (e devem) inserir-se em redes europeias de TMCD – Autoestradas do Mar, pela articulação/construção de parcerias com outros portos europeus.”
No caso dos Açores apenas o Porto de Ponta Delgada aparece, e bem, como HUB Regional, aparecendo todos os restantes portos como como Regionais ou Locais.
É evidente que nenhum porto da Região entra na definição de HUB porque a sua excentricidade relativamente às rotas internacionais e a falta de um hinterland real a servir assim o determinam.
Tal não invalida que a integração dos portos dos Açores em cadeias logísticas internacionais, se possível, seja desejável. Todavia, deve constituir-se como primeira preocupação melhorar o que já temos, dando a algumas infraestruturas o destino para que foram concebidas, racionalizando e melhorando serviços.
Nesse sentido, podíamos e devíamos passar a efetuar o abastecimento de graneis líquidos às ilhas Graciosa, S. Jorge, Pico, Faial e Flores/Corvo, a partir do Terminal de Graneis Líquidos da Praia da Vitória, em contentores cisterna, incentivando e incrementando o mercado interno. O atual navio que efetua esse abastecimento, a granel, custa 4M€ por ano. O quadro que se segue exemplifica, para cada porto, o potencial de crescimento, em termos de movimentos.

TOTAL 3 ANOS

CISTERNA DE

ILHAS
2010/2011/2012
MÉDIA ANUAL
20.000 Litros
IDA E VOLTA/MOVIMENTOS
Terceira
3.200.000
1.066.667
53
107
Pico
62.851.016
20.950.339
1.048
2.095
Faial
89.640.291
29.880.097
1.494
2.988
Graciosa
18.086.149
6.028.716
301
603
S. Jorge
44.197.165
14.732.388
737
1.473
Flores/Corvo
16.301.329
5.433.776
272
543
TOTAL


3.905
7.809


Libertando-nos do custo inerente ao fretamento do atual navio, ficamos com capacidade financeira para apoiar a aquisição do equipamento de transporte, que tem uma vida útil de cerca de vinte anos, e libertamos fundos para pagar o transporte que será anualmente inferior a metade do custo de fretamento do navio, atualmente, ao serviço.
Neste cenário, o acréscimo de movimentos em cada um dos portos, só na Praia da Vitória é de mais 7.809 movimentos, torna imperiosa a permanência de um navio porta-contentores LO/LO na Região. Este sim, seria o início de uma maior regularidade e frequência nas ligações internas, um forte impulso para o mercado regional e para o Porto da Paria da Vitória.

Face a tudo isto subscrevo as afirmações de um amigo quando afirmou publicamente; “ A questão aqui deve centrar-se na procura de um parceiro” porque “ Fazer um HUB na Praia da vitória ou noutro sítio qualquer tem custos enormíssimos, que nós não temos capacidade de suportar”. Como é que não fazendo o que está ao nosso alcance e é nossa obrigação queremos, querem alguns, fazer o que não sabem nem podem?

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